ABELHAS
MELIPONINI E ORQUÍDEAS
As
abelhas Meliponini são eusociais, isto é, há
nestas abelhas determinação de castas e divisão
do trabalho nas colméias. As colméias podem abrigar
milhares de indivíduos e as operárias precisam não
apenas coletar néctar e pólen, mas também substâncias
(principalmente resinas) que são utilizadas como material
de construção no ninho. Numerosas orquídeas
brasileiras são polinizadas por estas abelhas.
Subfamília
Epidendroideae, subtribo Maxillariinae: numerosas espécies
do gênero Maxillaria não oferecem quaisquer
recompensas aos polinizadores, mas apresentam fragrâncias
e colorações que atraem operárias dos gêneros
Trigona (freqüentemente, T. spinipes). Isto
parece ser um fato freqüente em Maxillaria picta e espécies
próximas (Singer 2003, Singer & Koehler 2004) (Figura
14). Estas abelhas aderem os polinários
na região do escutelo (Figura 14).
Em geral, as abelhas visitam as flores apenas nos primeiros dias
de florada, sugerindo que são capazes de reconhecer que estas
flores não apresentam recompensas após um curto período
de interação com elas (Singer & Cocucci 1999b,
Singer & Koehler 2004). Há também numerosas espécies
de Maxillaria que oferecem secreções cerosas
/resinosas ou tufos de tricomas aos polinizadores (Flach et al.,
2004, Singer & Koehler 2004). Já foi documentada a polinização
de Maxillaria brasiliensis (Singer & Koehler 2004)
e, mais recentemente, M. discolor (Singer & Koehler,
inédito) por operárias de Trigona que coletam
tricomas no labelo destas orquídeas. Em ambos os casos, as
abelhas aderem os polinários no escutelo (Singer & Koehler
2004). Operárias de Plebeia sp. foram observadas
visitando as flores de M. parviflora, mas ainda não
pode ser constatado se são de fato polinizadoras. Operárias
de Partamona hellerii já foram encontradas carregando
polinários de orquídeas Maxillariinae na Estrada da
Graciosa, Paraná (Singer, inédito). Não foi
possível ainda esclarecer a identidade destes polinários.
Subfamília
Epidendroideae, subtribo Polystachiinae. Esta Subtribo de orquídeas
é pantropical e deve apresentar diversos tipos de polinizadores
ao longo da sua distribuição. Durante numerosas visitas
no Orquidário do Instituto de Botânica, em São
Paulo, São Paulo, pudemos constatar que as plantas cultivadas
de Polystachya concreta eram sistematicamente visitadas
e polinizadas por operárias de Trigona spinipes.
As abelhas coletavam os tricomas esbranquiçados da superfície
do labelo. Durante o processo, deslocavam numerosos polinários
que se aderiam na face das abelhas (Figura 15).
Subfamília
Epidendroideae, subtribo Angraeciinae: operárias de Trigona
spinipes e Plebeia sp foram observadas visitando e
polinizando as minúsculas flores nectaríferas de Campylocentrum
burchellii (uma orquídea notável por ser totalmente
áfila e acaule). As abelhas aderiam os polinários
na face ventral da proboscis (Singer & Cocucci 1999a).
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Figura
14: Abelhas Meliponini e orquídeas da subtribo Maxillariinae.
A) Operária de Trigona spinipes visitando Maxillaria
picta. B) Trigona sp. com polinário de Maxillaria
marginata aderido no escutelo. C) Operária de Trigona
sp. vistando flor de Maxillaria brasiliensis (note-se que
a abelha já carrega um polinário desta orquídea
no escutelo). D) Trigona sp. com polinário de Maxillaria
brasiliensis aderido no escutelo.
Figura
15: Abelhas Meliponini e Polystachya concreta
(Epidendroideae: Polystachiinae). A-B) Operárias de Trigona
sp. coletando os tricomas do labelo das flores. C) Operária
de Trigona sp. com alguns polinários aderidos na
face.
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