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Métodos de Pesquisa

Laboratório de Abelhas - USP

Grãos de pólen no mel de Apis mellifera

Cipó-uva (Serjania sp)

Os méis de cipó-uva são provenientes de floradas de Serjania (Sapindaceae), mas, muitas outras sapindáceas também são fontes importantes de néctar, como o chal-chal (Allophylus edulis), o camboatã (Cupania vernalis), o vacunzeiro (Allophylus petiolulatus), o miguel-pintado (Matayba elaeagnoides), etc.

A maioria das espécies de Serjania (S. caracasana, S. fuscifolia, S. multiflora, S. paradoxa) é trepadeira, mas também existem formas arbustivas no cerrado.

As flores são pequenas, pouco vistosas, de coloração branco-esverdeada. O nome popular está associado ao aspecto geral da planta, à forma da folhas e das inflorescência que lembram um pouco uma videira. Os grãos de pólen são de fácil reconhecimento e estão sub-representados nos méis de cipó-uva do sul e sudeste.

Eucalipto (Eucalyptus spp)

Os reflorestamentos com espécies de Eucalyptus, juntamente com os pomares de Citrus, são a base da apicultura migratória no estado de São Paulo. A conjunção de atividades apícolas coordenadas com outras culturas e, evidentemente, com áreas de vegetação nativa é o caminho natural a ser seguido para a produção regional de méis.

A floração das espécies de Eucalyptus dura alguns meses e um grupo de poucas espécies abrange, freqüentemente, o ano todo. Em geral, as flores são brancas, vistosas, com muitos estames (por isso são bons fornecedores de pólen para as abelhas). As flores de eucalipto produzem boa quantidade de néctar, de fácil acesso, para as abelhas melíferas e com concentração elevada, usualmente acima de 30%.

Os méis de eucalipto apresentam coloração entre âmbar claro e âmbar escuro, sabor mais acentuado do que o mel de laranjeira, que lembra ligeiramente o doce-de-leite (principalmente quando cristalizado). A cristalização ocorre entre 1 e poucos meses, em geral. Algumas espécies originam méis com cristalização bastante fina. Quando cristalizado, além da coloração mais clara, há também alteração no sabor, para melhor, segundo a opinião de alguns apreciadores de méis.

Laranjeira (Citrus spp)

Os méis de laranjeira colhidos em São Paulo apresentam, via de regra, baixos teores de umidade, em média inferiores a outras floradas. Isto favorece bastante a estabilidade química e a resistência contra a proliferação de microorganismos, como fungos, sem a necessidade de quaisquer medidas especiais de processamento (como desidratação ou pasteurização), que poderiam levar a custos adicionais de produção.

A proporção relativamente elevada do açúcar frutose, dá uma doçura especial aos méis de laranjeira, freqüentemente superior aos méis de eucalipto, p.ex..

Os grãos de pólen das flores de laranjeira aparecem no mel em quantidades moderadas (9.000 grãos por grama de mel, em média) abaixo da média de outras floradas, como vassoura e eucalipto, p.ex. Por isso, parece razoável definir uma quantidade mínima entre 20 e 30% de pólen de laranjeira para caracterizar o mel com essa origem botânica. Este critério será útil, principalmente, para discriminar a origem botânica predominante de méis mistos de eucalipto e laranjeira, muito comuns em São Paulo.

Vassoura (Baccharis spp)

A família Asteraceae é particularmente rica em espécies de grande valor apícola. Entre as espécies principais destaca-se o guaco (Mikania micrantha), as vassouras (Baccharis semisserrata, B.erioclada, B.microdonta), a erva lanceta (Solidago microglossa), a cravorana (Ambrosia polystachya) e o assa-peixe (Vernonia polyanthes).

Silvestre

Além de contribuir com muitas plantas de valor econômico individual para apicultura, a flora silvestre contribui para a produção de uma variedade quase infinita de tipos de méis em todo o mundo. Tem um papel importante para a sustentabilidade da apicultura ao longo do ano, pois representa uma oferta quase sempre contínua de alimento, que preenche eventuais faltas de floradas nas monoculturas.

O valor da flora silvestre para a apicultura não é, evidentemente, o único aspecto que justifica a sua preservação ou manutenção mesmo em pequenas áreas (intercaladas entre monoculturas, reflorestamentos com exóticas, pastagens, etc.). Outros polinizadores nativos, incluindo-se centenas de espécies de abelhas, se beneficiam com essa preservação e, por sua vez, permanecem como estoque efetivo ou potencial para polinização das próprias culturas agrícolas.

O uso de outros polinizadores, além da Apis mellifera, é uma estratégia que vem se acentuando nos últimos anos e será decisiva para a manutenção da produtividade agrícola mundial no próximo século.